Desde cedo aprendemos que o adversário, o diabo, foi expulso do céu, após sua rebelião. Mas, por esses dias, lendo o livro de Apocalipse pela "gésima" vez, me veio um raciocínio intrigante e que não posso deixar de registrar.
No livro de Gênesis é narrada a história da criação, mas pouco ou quase nada é dito a respeito da queda de Satanás e dos demais anjos caídos. A origem da crença comum nos relatos da expulsão desses seres estão descritas nos livros do profetas Isaías e Ezequiel.
Em que pese a crença majoritária de que o diabo já foi expulso do céu, é possível enxergar alguns fatos na Bíblia que apontam para que esse evento, na verdade, ainda está para acontecer.
No livro de Apocalipse, em seu capítulo 12, após a sétima trombeta, está escrito que ocorre uma batalha no céu entre Miguel e os seus anjos batalhavam contra a antiga serpente, o diabo, e seus anjos.
Se considerarmos o livro de Apocalipse e especialmente esta passagem como referente a fatos futuros, estaremos diante do cenário da precipitação de Satanás do Céu à terra.
Essa hipótese pode ser corroborada pelo fato de, no livro de Jó, em seu capítulo primeiro, constar relato detalhado acerca das atividades de Satanás. Neste trecho das Escrituras, é dito que o diabo se apresenta perante Deus na mesma ocasião com os demais anjos de Deus. É nesse momento que se inicia o diálogo entre Deus e o adversário.
Quando Deus o questiona de onde vem, ele responde que "de rodear e passear pela terra". Ora, se ele rodeia e passeia na terra, significa que ele está livre para estar também nas regiões celestiais.
Todavia é importante ressaltar que, não afirmo que Satanás continua com Deus e seus anjos nos Céus, e sim que ele ainda possui acesso ao Céu e a Deus, conforme podemos compreender da leitura do livro de Jó.
Tal entendimento não se opõe aos demais relatos bíblicos, como, por exemplo, o do Apocalipse, se considerarmos as visões de João como relacionadas à eventos futuros. Particularmente, esta é minha crença. Nem tampouco há contradição com as profecias de Isaías e Ezequiel, senão vejamos:
As profecias, via de regra, são mensagens relacionadas ao tempo futuro. É algo intrínseco à própria natureza das profecias. Assim, as profecias de Isaías e Ezequiel também eram oráculos de Deus ao povo de Israel e às nações a respeito de eventos futuros.
Sabemos que inúmeras profecias tinham também, não somente um caráter futuro imediatista, como também diziam respeito a eventos futuros distantes, que acontecerão no fim dos tempos, a exemplo dos trechos de Isaías 2 e 11, relacionados ao Milênio.
Sendo assim, a profecia de Isaías, no capítulo 14 inicia-se anunciando o juízo para a Babilônia e em seguida, muda para referir-se à queda de Satanás. Trata-se de um evento futuro. Se observarmos os versículos 15 e 16 poderemos facilmente entender isto. Isaías nasceu muito depois da criação e dos tempos de Adão e da queda humana, logo se este trecho da Bíblia refere-se à queda de Satanás, essa queda abrupta, ou melhor expulsão por meio de uma batalha ainda está para acontecer, ou, no mínimo, aconteceu após a profecia de Isaías.
Todo o relato de Isaías é perfeitamente harmônico com o de Apocalipse: O diabo é lançado na terra, depois lançado no abismo e por fim no lago de fogo, conforme o esquema a seguir:
- Isaías 14. 12 / Apocalipse 12.7,8,9,13: Expulsão definitiva do céu (é lançado na terra);
- Isaías 14.15 / Apocalipse 20.2,3: É lançado no abismo (período anterior ao Milênio);
- Apocalipse 20.10: É lançado no lago de fogo (Após a fim do milênio e da batalha final).
Com relação aos relatos de Ezequiel 28, a princípio, a análise de que a expulsão definitiva de Satanás se dará no futuro parece equivocada, mas se atentarmos bem ao texto, perceberemos que, apesar de a profecia se referir ao passado, no versículo 19 vemos o último verbo referindo-se ao futuro. Ao que parece era a descrição presente de um evento futuro cujas palavras referiam-se ao passado, levando-se em conta o presente deste futuro.
Para uma melhor compreensão, parecia que o profeta estava a descrever as palavras que Deus irá dizer ao diabo, no futuro, após lançá-lo na terra.
A referência ao Éden, dá a entender que, a rebelião de Satanás se deu próxima ao início da criação humana, e tão logo houve a rebelião, foram-lhe privados os privilégios, cargos e funções que exercia diante de Deus, nos Céus, mas não de se apresentar diante de Deus. em outras palavras, é como se um Juiz de Direito fosse exonerado do cargo, e impedido de entrar novamente em seu gabinete dentro do fórum para exercer suas atribuições, mas não impedido de entrar no fórum, como pessoa comum, ou até mesmo em outra função, como advogado, por exemplo.
Nessa linha de pensamento, parece que Satanás foi destituído de tudo que tinha no Céu, mas ainda assim, continuaria a ter, ainda hoje, acesso ao Céu - o que está de acordo com o livro de Jó - não mais como querubim ungido, mas como acusador.
O livro de Apocalipse embasa esse entendimento quando afirma em seu capítulo 12 (remetendo a uma fala futura) que o adversário acusava os irmãos "de dia e de noite", mas que naquele momento (futuro) já havia sido derrubado (Apocalipse 12.9).
Com base nisso, podemos atualizar os acontecimentos relativos à queda da antiga serpente da seguinte maneira:
- Ezequiel 28.14,15: Escolha e unção como querubim guardião;
- Ezequiel 28.16-18: Banimento, expulsão, destituição da posição que ocupava;
- Isaías 14. 12 / Apocalipse 12.7,8,9,13: Expulsão definitiva do céu (é lançado na terra);
- Isaías 14.15 / Apocalipse 20.2,3: É lançado no abismo (período anterior ao Milênio);
- Ezequiel 28.19 / Apocalipse 20.10: É lançado no lago de fogo (Após a fim do milênio).
Em que pese a ausência de autoridade acadêmica para falar sobre o tema, ouso acreditar sinceramente no que acima vos expus, tendo chegado a tais conclusões com base puramente nas minhas leituras pessoas somente das Escrituras e da iluminação do Espírito de Deus. Que Deus nos dê entendimento na Sua Palavra!
Em Cristo,
Diego Windsor S. B. F. Belo.
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