sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

RÉPLICA À “DESORDEM NO TRIBUNAL”

Em defesa da futura classe a que pertencerei dentro de poucos meses, apresento-vos a Réplica ao texto "Desordem no Tribunal", justificando algumas das falas objeto de chacota constantes do texto supramencionado, porque reconheço que alguns impossíveis de serem defendidas devido ao alto grau de falta de atenção dos colegas causídicos, a seguir:

Advogado : Qual é a data do seu aniversário?
Testemunha : 15 de julho.
Advogado : Que ano?
Testemunha : Todo ano.



RÉPLICA: É perfeitamente compreensível o que o advogado queria realmente perguntar, a saber: "qual a sua data de nascimento?", mas por falta de atenção acabou cometendo esse pequeno erro escusável a qualquer falante da língua portuguesa, qualquer um de nós poderia ter cometido esse erro, além disso, vale dizer que essa expressão seria normalmente compreendida pelo homem médio, pois apesar de não ter sido proferida com exatidão de palavras, era possível se entender o sentido da pergunta. Aos operadores do direito diria que, se fosse um recurso, caberia a aplicação do princípio da fungibilidade!
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Advogado : Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória?
Testemunha : Sim.
Advogado : E de que modo ela afeta sua memória?
Testemunha : Eu esqueço das coisas.
Advogado : Você esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?


RÉPLICA: A segunda pergunta do advogado foi realmente infeliz, contudo, na terceira pergunta, entendo que, na verdade, ele pretendeu referir-se uma situação que prejudicou a própria testemunha em virtude de seu esquecimento. Nesse caso era possível ela lembrar de ter sido prejudicada pelo seu esquecimento. Por exemplo, se ela um dia deixou uma panela no fogo, e essa panela explodiu, ela poderia lembrar-se disso e dizer: "uma vez deixei uma panela de fogo e esqueci que a tinha deixado e ela explodiu!". Era esse o sentido da pergunta do colega causídico, compreensível.
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Advogado : Que idade tem seu filho?
Testemunha : 38 ou 35, não me lembro.
Advogado : Há quanto tempo ele mora com você?
Testemunha : Há 45 anos.


RÉPLICA: Sem comentários! Deve ter sido presa por crime de falso testemunho! Kkkkkkk...
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Advogado : Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?
Testemunha : Ele disse, 'Onde estou, Bete?'
Advogado : E por que você se aborreceu?
Testemunha : Meu nome é Célia.


RÉPLICA: Sem comentários também! Não é da minha competência analisar esse tipo de intervenção de "terceira"... Coisas de marido e mulher!
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Advogado : Seu filho mais novo, o de 20 anos...
Testemunha : Sim.
Advogado : Que idade ele tem?


RÉPLICA: Prejudicada! Pura burrice ou muita falta de atenção!
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Advogado : Sobre esta foto sua... o senhor estava presente quando ela foi tirada?


RÉPLICA: Trata-se de situação complexa, idêntica à anterior, salvo se considerarmos que o advogado queria dizer: "o senhor permitiu que esta foto fosse tirada?" ou "o senhor tinha ciência de que esta foto estava sendo tirada?". Julguem vocês mesmos.
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Advogado : Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto?
Testemunha : Sim, foi.
Advogado : E o que você estava fazendo nesse dia?


RÉPLICA: Compreensível, não significa que porque a criança nasceu nesse dia, a mãe teria que obrigatoriamente estar imóvel, ela poderia ter feito alguma coisa que tivesse algo a ver com o processo. Seria meio difícil, obviamente, porque presume-se que ela estaria de repouso no leito do hospital, mas não seria impossível. Não vi os autos do processo, não posso opinar, pois o processo podia ter a ver com o hospital, já pensou nisso? In dubio pro advocatus!
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Advogado : Ela tinha 3 filhos, certo?
Testemunha : Certo.
Advogado : Quantos meninos?
Testemunha : Nenhum
Advogado : E quantas eram meninas?


RÉPLICA: Pura falta de atenção, ou pode ser que o advogado quisesse ter certeza de que nenhum dos descendentes da testemunha tivesse feito cirurgia de troca de sexo, porque aí não se enquadraria nas opções "meninos" ou "meninas", e sim em "transexual". Não é viagem, é criatividade e poder de argumentação! Hehehe...
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Advogado : Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casamento?
Testemunha : Por morte do cônjuge.
Advogado : E por morte de que cônjuge ele acabou?


RÉPLICA: Prejudicada! Impossível defender esse colega! Zero!
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Advogado : Poderia descrever o suspeito?
Testemunha : Ele tinha estatura mediana e usava barba.
Advogado : E era um homem ou uma mulher?


RÉPLICA: Perfeitamente compreensível, a pessoa refere-se a um "suspeito", alguém que ela não conhece bem, o que nos permite argumentar que poderia tratar-se de alguém "disfarçado(a)", afinal, qual o melhor disfarce para uma criminosa do que vestir-se ocultando seu verdadeiro gênero? É possível e compreensível a pergunta do advogado.
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Advogado : Doutor, quantas autópsias o senhor já realizou em pessoas mortas?
Testemunha : Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas...

RÉPLICA: Simples vício de linguagem, caracterizado pela presença da figura de linguagem denominada de pleonasmo.
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Advogado : Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, Ok? Que escola você freqüenta?
Testemunha : Oral.

RÉPLICA: Kkkkkkk, singularmente ilária, sem comentários! xP
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Advogado : Doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vitima?
Testemunha : Sim, a autópsia começou às 20:30 h.
Advogado : E o sr. Décio já estava morto a essa hora?
Testemunha : Não... Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela autópsia nele.

RÉPLICA: Na verdade, penso e quero acreditar que o nobre colega na verdade quis indagar: "Então Doutor, você confirma que o sr. Décio já estava morto a essa hora?"
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Advogado : O senhor está qualificado para nos fornecer uma amostra de urina?

RÉPLICA: Qualificado nos autos! Significa perguntar se o indivíduo figura nos autos do processo para poder, assim, fornecer esse material para exame.
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Advogado : Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima?
Testemunha : Não.
Advogado : O senhor checou a pressão arterial?
Testemunha : Não.
Advogado : O senhor checou a respiração?
Testemunha : Não.
Advogado : Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?
Testemunha : Não.
Advogado : Como o senhor pode ter essa certeza?
Testemunha : Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.
Advogado : Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?
Testemunha : Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar!!! 

RÉPLICA: Já vi um pato ter seu pescoço torado e continuar nadando num açude! É verdade, presenciei isso quando era criança. Mas, o que quero dizer é que, não há razão pra tanta chacota, oras, o advogado foi realmente um tanto insistente nas perguntas, mas há remotas possibilidades de alguém, cujo cérebro esteja fora de seu corpo, permanecer com o resto do corpo vivo, nem que seja por alguns segundos... Sei que a nobre intenção do causídico era descobrir a verdade real dos fatos, possivelmente do homicídio, o que já é válido!

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5 comentários:

  1. De fato... o post mostra um pouco da realidade forense: vícios de linguagem que prejudicam a argumentação da defesa e, muitas vezes, pode custar a "derrota" em Juízo. Bastante cômico, contudo, interessante. Criativas as réplicas às perguntas. Parabéns!

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  2. Hehehe, obrigado Leandro! Espero que nós jamais venhamos a fazer parte desse rol de autores dessas pérolas! Kkkkkkkkkk, abraços.

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  3. AI QUASE MORRI DE RIR....
    MUITO LEGAL

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  4. hahahaha...impossível não rir....rsrsrs
    dei muita risada....mas guardei isso comigo...como futura advogada não quero cometer estas ou outras gafes que sejam....

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